“Peço perdão por ser assim, meio anti-social, não saber demonstrar nada. Temo as pessoas, sou sensível demais, choro de raiva.. vou tentar explicar, espero que entenda ou ao menos tente. Vivi durante nove anos aguentando humilhações de meus colegas, humilhações que jamais contei a ninguém, sempre me julgaram por meu físico, eu tinha medo de me aproximar das pessoas, tinha medo que me humilhassem.. que rissem de mim também. Eu fui zoada por pessoas que se diziam meus amigos. Eu nunca entendi, porém nada disso parecia me afetar. Sempre tive uma timidez extrema e achava isso normal. Eu chorava todas as noites, mas pela manhã botava um sorriso no rosto e mais uma vez eu voltava para perto daquelas pessoas, daqueles “amigos”, eu sabia que não havia o que se fazer a respeito do que eles diziam, eu realmente era o que eles me xingavam, nunca procurei ajuda, a unica saída que eu achava que tinha era aguentar, calada e sem derramar uma lágrima, pois não precisava de mais motivos para humilhações. Aos nove anos de idade comecei a frequentar a psicóloga, eu tinha crises de choro sem motivos aparentes, eu era “fechada”, eu vivia infeliz, e ninguém além de mim sabia o motivo. A doutora me perguntava “O problema é sua aparência?” e eu respondia sempre o mesmo “Não” inocente, pois sinceramente eu achava que não era. Eu não sabia que tudo aquilo estava me afetando, me modificando e ao mesmo tempo me destruindo. Aos onze anos a psicologa alertou aos meus pais que eu estava dividida entre “partir para rebeldia” ou “entrar em depressão”, bem.. Aos doze tive depressão, tinha crises de choro tanto no colégio quanto em casa, porém antes de completar treze eu já estava curada ou ao menos achava que estava. Na metade do ano em que completei treze, comecei me cortar, e era ótimo enquanto ninguém sabia, enquanto não havia ninguém conferindo meus braços todo santo dia para ver o estrago que eu havia feito. Enquanto isso não afetava ou influenciava as pessoas que eu amava, enfim, aos quatorze disse aos meus amigos que havia parado com isso, bem.. na verdade parei por alguns meses e depois não aguentei essa droga de pressão e voltei à mesma rotina. Apenas uma pessoa sabia disso, uma pessoa que jamais revelou isso pois também fazia isso e o pior de tudo é que foi influencia minha, eu nunca disse “FAÇA ISSO, VAI TE AJUDAR” mas também nunca alertei que eu não parava pois já não conseguia, droga. É isso que sou, uma droga ou até menos que isso. Bom, ainda tenho algumas cicatrizes, algumas já sumiram porém sei exatamente o local de cada uma. Elas representam vergonha e ao mesmo tempo orgulho. Vergonha por saber que não fui forte o suficiente para aguentar tudo, e orgulho de que essa luta eu venci, ou ao menos por enquanto, já fazem alguns meses, estou resistindo até que muito bem. Enfim, a quem leu, eu peço que quando forem pais ensinem aos seus filhos a nunca, jamais humilharem ou zoarem alguém pelo que aparentam ser pois pode até parecer inocente, bem, na infância será inocente, não haverá efeitos aparentes, porém no futuro será prejudicial demais para essa pessoa, e talvez ela não aguente tudo, ou ao menos não aguentará viva.”
— E essa infelizmente é minha história
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Solta o verbo meu jovem.