“É tanta paz de espírito que sinto uma vontade enorme de chorar. Estou tão feliz que pensei que nunca mais haveriam lágrimas. Começo a pensar que acho pretextos para chorar ou ficar triste, porque já estava acostumada com essa mesmice de lágrimas. Era uma rotina, e logo eu que nunca me adaptei com nada, havia me adaptado com ela. É normal chorar por nada, ou por felicidade talvez? Eu acho que é apenas paz demais preenchendo meu ser de uma só vez, nunca havia me sentido assim. Tão leve, compreende? Borboletas no estômago, anjos segurando minha mão e me levando ao céu. Estou voando dentre as nuvens, e isso é mais maravilhoso do que eu pensei que seria. Afinal, o fim de uma vida tão triste não poderia ter sido melhor. Outra vez não sei se choro ou se sorrio. Porém creio que sentirei falta de meus vícios, cafeína, das noites sem dormir. Insônia pura ou só angústia? Bom, isso já não importa, não irei dormir mesmo. Afasto todos os pensamentos ruins, me alertaram que para voar eu deveria pensar em coisas felizes e isso me lembra a Peter Pan e as histórias repletas de fantasia que me contavam antes de dormir, quando era criança. Creio que foi isso que me faltou na adolescência, histórias antes de dormir. Faltou carinho, colo, afeto. Isso que me fez tão amarga, quando eu deveria ser doce. Porém isso é outra coisa que não devo mais preocupar-me. Agora sou doce, tão doce quanto um algodão doce cor-de-rosa e isso é lindo, tão lindo quanto esse pôr-do-sol que é mais maravilhoso ainda daqui de cima. Bom, já não tenho palavras, tudo é lindo e maravilhoso porém tenho que acordar, percebi que ainda não é hora de partir e que a saudade atinge até aqueles que já não tem vida.”
— O céu é lindo, mas a saudade me persegue até lá. -
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Solta o verbo meu jovem.