“Sei nunca gostou de telefonemas pela madrugada, provavelmente lhe pedirei perdão por esse ato meio insano, pela manhã quando eu estiver totalmente sóbria. Eu bebi, sim, bebi. Fiz o que odiavas que eu fizesse, porém.. você já não está aqui para me dizer o que devo ou não fazer, fostes você mesmo quem escolheu isso. A brisa está tão fria, não há nada ou sequer ninguém aqui capaz de aquecer-me, ao menos não o suficiente que aqueça meu coração. Se estivesses aqui, com toda certeza me mandaria tomar um café bem forte, ou colocaria-me baixo à um chuveiro gelado, para trazer de volta minha lucidez. Ficaria balbuciando coisas inúteis até eu me dar conta de quanto essa conversa não tinha noção nenhuma, então eu ficaria a te encarar e você diria “finalmente, pensei que o porre duraria a madrugada inteira” e iria sorrir, ou talvez rir de mim. Ás vezes é tão bom lembrar do que você faria, mas também é doloroso por saber que “faria” é de um futuro que já não existe, dói também lembrar do que “fez”, de um passado lindo que só virou passado por causa de minhas loucuras.. aquelas que nunca conseguistes acompanhar. Creio que a lucidez está próxima, já estou lembrando-me o porque de eu não poder telefonar-te, e agora sei que não era porque não gostavas de telefonemas pela madrugada, mas sim porque já não podes atender, pois não estas aqui.”
— Ás vezes me esqueço que você já não está aqui.
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Solta o verbo meu jovem.